domingo, 13 de agosto de 2017

Última Carta para Franciele (Precisamos falar sobre Perdão)


Enfim, eu pensei muito antes de escrever essa carta final, Franciele. - E não é uma carta final porque, irei cometer suicídio. - É uma carta que definitivamente coloca um ponto final na nossa história que, quase terminou num final trágico para mim.

Queria dizer, que mudei muito nesses dez anos. - Até porque, de 12 anos para quase 23, dá pra evoluir e repensar muito nas nossas atitudes. - E refletir principalmente, sobre o silêncio.

Eu te amei de uma forma irracional, confesso. - E peço-te perdão por isso.

Eu não fiz só coisas que me prejudicaram, mas fiz, coisas que poderia te prejudicar. - Mas graças à Deus, você saiu ilesa de toda minha dor.

 Se você está em depressão e está sem tomar banho há dias, a culpa não é minha. - Nunca fiz nada que pudesse te foder emocionalmente. - Mas pessoalmente.

Mas como eu disse, eu tinha apenas 12 anos e agi como um adolescente até receber sem vontade, um convite para ser adulto. - E aceitei, porque estava cansado de sangrar.

Eu não me sinto culpado por ter te difamado e nem de ter me cortado no dia do nascimento da Isa. - Tive razões pra isso e outra, não sabia que a Isabelly tinha nascido naquele dia 27 de Setembro de 2011. - Soube apenas, três horas depois.

Quando o Renan me deu essa notícia, eu ainda recebi como: ''A tia tá grávida''. - E não como: ''A filha da tia, nasceu''.

Aliás, talvez, naquele dia que eu te vi beijando o Diego, acho que você já estava grávida. - Foi eu, quem não percebeu.

Mas enfim, não é disso que eu vim falar. - Mas do que eu fiz quando eu tinha 13 anos. - Aquilo foi coisa de doente mental e poderia ter prejudicado seu relacionamento com o Murilo. - Era um relacionamento aberto, você não iria me culpar por isso. - Mas mesmo assim, quero lhe pedir perdão.

Quando eu coloquei os nossos nomes na minha página do orkut, lembra? - Errei muito em fazer isso, confesso. - Até porque, a gente não estava junto e isso, poderia te prejudicar. - Me sinto um psicopata babaca ao lembrar disso, mas tudo bem. - Preciso desabafar.

Quando eu te ligava todos os sábados às 10:00 da manhã e, era chamado de ''vagabundo'' pelo teu pai, lembra? - Também errei. Pois, invadi sua privacidade.

O Matheus até falou pra mim: ''Porra, Victor! A mina não te quer e você, fica aí, enchendo o saco dela?! Chega!'' 

Eu achava que ele falou isso por preconceito, mas não foi. - Ele falou isso, porque tava com a razão.

Eu poderia ter encontrado meu lugar. - Não por ser pobre, mas por ser socialmente inferior à você. - Sempre fui e sempre serei. - Deveria ter pensado nisso, antes de dizer que te amava!

Essa questão de ser ''gentinha'' você é mais que eu. - Até porque, você foi periférica durante anos. E eu, nunca fui. - E morar no Robrú ou, na favela, não é demérito pra ninguém!

Estou te pedindo perdão agora, até porque, agora sinto a pontada da solidão como nunca senti antes e, descobri, que tenho de abaixar a cabeça e chorar. - E não procurar abrigo onde não há.

Chorar... Humpf... - Pelo menos, agora, tenho liberdade para isso. - Lembro-me de uma época, que eu era repreendido, até por chorar:

- Para de Chorar, Mariquinha! Seja homem!

Enfim, agora, eu quero lhe pedir perdão por ter ainda seu telefone de côr, mas eu esqueço rápido. - Até porque, por causa dos comprimidos até confundo substantivo comum com adjetivo e, pretérito-imperfeito com objeto direto. - E não lembro nem o que eu comi no almoço.

Agora, não me sinto culpado por ter dito que te amava, não me sinto fraco por ter te dado um Diamante Negro: (Naquele dia, o Gilson quase me atropelou, inclusive). E nem me sinto sensível demais por ter me cortado por sua causa.

Até porque, foram coisas que me enfraqueceram. - Você ficou intacta.

Não estou escrevendo isso, porque a Ku Klus Klan está fazendo um protesto nos Estados Unidos contra gays, deficientes, imigrantes, negros e judeus, também.

PS: Aliás, se eu estivesse nos E.U.A nesse momento, eu já estaria morto.

Estou te escrevendo isso, porque estou conformado em não te ter aqui, porque me sinto inferior à você e, porque, não adianta gritar a hipocrisia com megafone. - Um dia, você vai ter de abaixar a cabeça, novamente, pra tudo isso. - Dói, mata... Mas é melhor assim.

É melhor do que viver de utopia e, de afagos misturados com palavras mordazes.

Não quero teu perdão, não quero que você me compreenda e não quero seus abraços falsos. - Eu só queria dizer o que eu tinha pra dizer.

Até porque, isso não vai fazer diferença na tua vida. - Mas na minha vai...

E pra terminar: Temos ideologias iguais, mas atitudes diferentes.









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