domingo, 20 de agosto de 2017

Isabelly



Moço, você nunca mais ligou pra minha casa;

Não me deixou teu nome;

Não deixou recado;

Esqueceu o rosto da mamãe;

Mas não esqueceu;

A dor que ela lhe causou.


Por isso,

Você acha que teu pai voltará;

Você acha que a dor vai ser pior.

A sua mãe,

É a mesma coisa.

Esqueceu o rosto do teu pai;

Não o ama mais;

Porém, não esqueceu a dor que ele causou à ela.

Dê um tempo pra ela;

Ela te ama muito;

Eu sei que lhe falta paciência;

Você age;

E depois, pensa.

Você é um homem bom, Victor;

Só não demonstra mais isso;

Desde que mamãe se foi.

Você pode estar gostando daquela morena;

Mas tem medo de agir;

E depois, pensar.

Quando se trata da revolta;

Você age;

E depois pensa.

Quando se trata de amor;

Você pensa;

Pra nunca agir.

[Por quê então, ela fica puta quando ele viaja?
Por quê ela diz, que estou inventando?
É isso, que quero entender.
Sua mãe;
Nem meu pai;
Mudaram ou, mudarão.
Continuam os mesmos de antes.
Já quis muito que sua mãe voltasse;
Mas pra viver a mesma humilhação;
Decidi deixar meu coração livre].

De que adianta;

Se livrar de uma dor;

E colocar outra no lugar?

Pelo menos, você disse;

E demonstrou;

Tudo o que sentia pela mamãe;

Agora, com essa moça...

Você pode até sentir;

Mas nunca poderá dizer.

E pelo que minha mãe, ensinou;

Deixar o peito se ferir, só;

Sem dizer nada;

Dói mais;

Do que dizer.

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