quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
Julie (Parte III): Consulta Psicológica
Perdão, doutora, por chegar ébrio no teu consultório. - É que eu a vi de novo, aquela mulher que eu amava, de batom vermelho, a filha no colo e seu olhar diabólico pra cima de mim.
Ela me faz tirar a roupa sem pensar, ela grita em meus ouvidos como Lilith. - O grito é ensurdecedor, mas a carne é fraca, ás vezes. - Quando o homem vê a beleza misturada com seios grandes e bunda grande, é difícil ir contra o corpo para seguir o que Deus desejou.
O ''não confio em você'' vira ''que se lasque!''. - E depois, tudo vira vazio e solitário por dentro..
Tenho vontade de chorar, minha cabeça dói de tantas lágrimas carregadas aqui em minh'alma, porém, são quatro e tal e toda São Paulo está dormindo essa hora e minha professora de português acaba de fazer uma besteira que não se conta nas TV's nem nos jornais...
De madrugada, eu converso com você, mas eu olho, e você não está aqui.
De madrugada, eu digo que amo minhas amigas, mas eu olho, e elas não estão aqui.
Quando eu era jovem, eu podia me revoltar com essas coisas, bater na parede, falar palavrões e fazer o quê quiser, mas quando você sente vontade de trabalhar e vê, que todo mundo foi embora porque não viram o que eu sou, pois, como dizia a Andy, eu sou o que ninguém vê...
Sinto falta de você, sinto falta da Emily, sinto falta dos meus verdadeiros amigos que esperam por mim. - Mas vocês estão dormindo, e você no Rio de Janeiro, que é pior. - Mas Emily, não está acordada, e só acorda daqui há uma hora... - E preciso falar que amo a arlequina pra ela!
Mas eu sou tão diferente, tão deficiente que, não dá pra correr atrás.
Sinto falta do colo e do abraço de alguém. - Mas finjo que não preciso pra não me machucar! - E isso dói!
Desculpa por ter vindo bêbado ao seu consultório... - Mas não preciso da Stefanie.
Preciso de você... - Que sempre esperou por mim.
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