terça-feira, 31 de outubro de 2017

Precisamos Conversar Sobre Perdão (Parte II: Agora eu sei de tudo!)




Por incrível que pareça, Franciele, esse é o único texto feliz que vou escrever sobre você em todos esses anos que estou nessa profissão. - Pois, desde quando você se foi, sem me fazer entender, eu entrei em conflito psicológico, me deprimi e me cortei.

Muito embora, você não seja totalmente culpada por isso, você fez parte disso, sim. - Não posso negar pra você e nem pra mim isso. - Aliás, você sabe de tudo isso.

Hoje, eu não te quero mais como queria antigamente. - Me apaixonei por uma menina mais bonita que você. - Ela está namorando, mas não precisei me cortar para provar o que sentia. - Foi um amor puro e sem amarras. - Embora, ela estivesse ficando, não me causou danos, como você.

Mas enfim, eu esperava por essa resposta há dez anos e até que enfim, ela chegou de uma forma mística. - O Bruno estava me perturbando muito espiritualmente. Aliás, acho que eu não vou falar disso, pois, nem sei se você crê nessas coisas.

Mas eu o perdoei por ele ter me falado:

- A Franciele nunca vai ficar com um louco como você.

Ele precisava do meu perdão para encontrar a luz. - Ele ficou no limbo há muito tempo. Precisava descansar.

Mas enfim, estou aqui pra falar que não foi culpa do Bruno e nem culpa sua, pois, você estava pensando em ficar comigo depois que terminou com o Murilo, só pra me fazer penar mais ainda. - Eu sei, te conheço, moça. - Você acha que Feminismo e falta de Caráter são as mesmas coisas, só porque você lê a Helena Ferreira. - E vejo muito de você nos poemas dela, também. - Como você se vê.

Você lembra da penúltima vez que a gente conversou na perua?

- Vi, você lutou muito por mim. Preciso de 15 dias pra pensar. Acabei de sair de um relacionamento complicado. Preciso pensar.

- Te dou o tempo que você quiser.

Eu sei que, você e o Murilo mantinham um relacionamento aberto um ano antes de você terminar com o Junior. - E ele deve ter terminado e sofrido por causa disso.

O Junior estava preocupado comigo e falou pro meu pai, que eu tava te dando ideia:

- Marcelo, o Victor tá dando ideia numa menina que eu já catei. E ela não presta. O problema, é que ele gosta muito dela e se os dois ficarem juntos, ele vai sofrer. Conversa com ele.

Eu nem vou falar o que meu pai me disse. - Você iria achar nojento, como eu também acho.

Aí, eu liguei os pontos. - Nesses 15 dias que você me propôs a gente não conversou. - Isso foi um prato cheio pro o Junior te procurar e dizer:

- Franciele, não fica com o Vitão. Ele é um menino muito sofrido. Vai para tratamentos, sofreu nas mãos do pai e ele, tá te amando. - E tá feliz como ele nunca foi, porém, você sabe que não presta. Eu sofri muito com você e não quero que ele sofra, também. Gosto muito do Vitão. Talvez, sou o único que gosta dele na minha família. Sempre foi um menino desprezado, tadinho. E ele é legal. E também, é novo. Vai aprender a lidar com o não.

- Ju, eu comecei a me apegar ao Victor, também. Eu não gostava dele, até descobrir o problema em sua perna, logo que a gente se conheceu, eu dei uma cotovelada nele e disse: ''Sai, menino! Nem te conheço''. E ele gosta de Red Hot Chili Peppers que eu acho uma merda. Porém, estava chovendo naquele dia e vi, que ele estava com dificuldades de descer a perua. Então, eu segurei em sua mão e levei ele com o Guarda-chuva do Gilson, até a casa dele. Ele ouvia meus problemas, ele me ama, eu sei. Mas sei também, que ele é um menino bom. E que posso feri-lo. Vou fazer o que você tá me pedindo.

E não venha me dizer que estou pirando, pois, me lembro a última vez que conversamos:

- Primeiro, me desculpe por ter chamado você de gentinha. Você é um cara bom, Vi. Não consigo me perdoar.

- Tudo bem, Ciele. Eu te perdoo.

- Eu pensei muito no que te falar esses dias. E é não, tá? Você é um cara bom. Tem muito pra rodar. Eu quero me casar e ter filhos.

- Eu caso.

- Não. Mas você não é homem pra isso. Você é inexperiente ainda, muito criança. E é um cara muito bom. Eu já sou rodada. Não te mereço. Você vai encontrar alguém que te mereça. Eu não te mereço.

- Tudo bem.

Abri a porta da perua sozinho e fui embora com a cabeça abaixa...

Dois anos depois, eu já estava em depressão profunda e a gente se reencontrou no mesmo lugar:

- Porque a gente não ficou junto, Ciele?

- Não ia dar certo.

Eu fiquei anos te xingando, achando que o Bruno era culpado e me cortando, pois, queria que você conquistou com o Diego e com o Henrique, você conquistasse comigo. - E eu, queria me casar com você, sim. Tanto porque eu te amava, quanto porque queria fugir dos telefonemas do pai.

Mas agora, eu sei de tudo, Franciele. - Me sinto traído pelos dois, mas feliz pelo Junior ter me defendido e por você ter me respeitado.

Perdoe-me por ter te xingado. - Mas nós dois erramos. - Então, ficamos quites.

Eu acho meio injusto eu te pedir perdão, mas isso é bíblico: ''Perdoai a quem nos tem ofendido''.

Nunca tive ódio de você. - Apenas mágoa e revolta. - O que eu sempre quis, foi sua atenção e seu carinho, depois, que você ficou com o Diego. - Ainda te amava, mas, não sou talarico.

Perdão pelo que te fiz, Franciele. - Mas você devia ter me falado ou, o Junior. - Cortei meus pulsos à toa. - E hoje, sofro as consequências disso. - Não estancou meu sofrimento.

Mas se eu soubesse disso antes, eu não tinha acordado e me isolado. - Seria o mesmo trouxa de sempre. - Até que foi bom eu saber disso agora.

E Franciele, você me fez ser o escritor que sou hoje. - Obrigado, pelos poemas do Mário.

Agora sim, podemos ser amigos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário